À Segunda Vista

Sirene Bocuda

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Quando a boca de sirene emite som
Todos fazem careta
Alguma desgraça ela está anunciando
Sirene é coisa do capeta
Como pode um som causar tanto alarme?
Que infeliz é a vida da sirene
Mesmo que quisesse,
não poderia ser querida por ninguém
De natureza triste, ela segue
dia a dia, sozinha
sendo usada para o trabalho inevitável de algumas pessoas
Quando a boca da sirene emite som
Todos já perguntam: "Quem morreu?"
Quem será que está prestes a morrer?
Quem será a próxima vítima da sirene?
Sirene não gosta de criança
Não gosta de vida, não gosta de felicidade
Pode parecer quietinha o dia todo
Mas só está esperando a oportunidade.
Anunciar a desgraça em estridentes sussurros
Mas o castigo da sirene não vai vir
Não, não virá...
Porque o castigo de sirene
é simplesmente existir,
ser quem ela é, só funcionar assim
Não há nada mais cruel do que ser a sirene
Destino incurável, amargura permanente
Natureza fúnebre
sem amigos
Só sirene
Sirene só
Sirene, para sempre,
Bocuda.


Djonatha Geremias

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