À Segunda Vista

Medo

1
Djonatha Geremias
Içara, 21 de março de 2011

Me foi permitido parar no instante, pausar o sentimento.
Não consigo respirar direito, nem posso me mexer.
Meus olhos estão vidrados, e eu estou deitado na penumbra.
Aquela descarga de adrenalina fria está escorrendo lentamente por dentro das minhas pernas.
Quero tremer meu corpo, mas não posso, ou acabaria fazendo algum som.
Preciso ficar quietinho, não posso ser descoberto.
Minha garganta está seca, a saliva não dá conta.
Parece que estou sufocando com o desespero.
Meus dedos dos pés estão contraídos.
Quero chorar ou gritar, sair correndo, mas não posso.
Qualquer estalo me assustaria agora.
A angústia se faz presente como uma cerração.
Assim que este instante for continuado, eu vou ter um ataque.
Não sei qual vai ser minha reação, talvez eu vomite.
O sangue está quente demais para um corpo tão gelado.
Minhas pálpebras estão tensas e preparando lágrimas que vão cair logo logo.
Preferia desmaiar ou morrer de uma vez.
Não, quero é poder me encolher, esconder a cabeça entre as pernas e abraçá-las.
Não sei quanto tempo vou ficar assim, até os segundos já perderam a noção de tempo.
Talvez eu fique em segurança nesse cantinho.
Sinto o cheiro da parede; ela é que está tranquila, vai sobreviver.
Só, por favor, não acenda a luz.

Um comentário:

  1. Rapaz,
    Vc escreve muito!!
    Quase tranquei a respiração para chegar ao final. Um poema vivo!!
    muito bom

    Bea

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