Faculdade
SATC – Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina
Curso de Comunicação Social / Jornalismo Turma: 7ª Fase – 2010/2
Grupo de Crítica Midiática Orientadoras: Cláudia Nandi e Marília Köenig
Acadêmico: Djonatha Geremias E-mail: djonatha@R7.com
Curso de Comunicação Social / Jornalismo Turma: 7ª Fase – 2010/2
Grupo de Crítica Midiática Orientadoras: Cláudia Nandi e Marília Köenig
Acadêmico: Djonatha Geremias E-mail: djonatha@R7.com
A Materialização
da Sociedade do Espetáculo na Internet e o Valor de Atração
A Internet
consolida a espetaculosidade social, conceituada por Guy Debord em La Société du Spetacle, em 1967. O mundo
imaterial, no qual vive a consciência coletiva da sociedade do espetáculo, se
torna literalmente visível no abstrativo imagético do universo virtual da Web.
O show de aparências se arma na forma de sites corporativos, passando pelos
blogs (profissionais e pessoais) e culminando nas redes sociais. Ainda há casos
de fracasso na Internet, como a tentativa de concretização desse mundo espetaculoso
em uma plataforma virtual tridimensional (o Second
Life).
Debord afirma que, na sociedade contemporânea,
não mais predomina o ter sobre o ser; agora é o parecer que se sobressai em termos de importância. Confirmando essa
teoria, a Internet trouxe a representação da ilusão sobre a realidade. Palavras
como design, style e layout configuram
a necessidade de se desenvolver uma estética que represente um estado de
satisfação social, tanto para caracterizar a cultura de uma pessoa/empresa/organização
quanto para contemplar os olhos e o imaginário dos usuários/visitantes
internautas.
As páginas virtuais assemelham-se a telas de pintura reais.
Nestas, o jogo de cores, diagramações, hipertextos e a exclusiva adição de
mídias audiovisuais (filmes, animações vetoriais e músicas) refletem impactos
na percepção do visitante, transmitindo sensações de identificação, aversão espontânea
ou indiferença.
Um dos axiomas da sociedade do espetáculo é “Ninguém
se identifica com o feio”. Na Internet, isso não difere. Pelo contrário, se
torna lei. Para um indivíduo ser considerado legal, ele deve aparentar certa espetaculosidade no que diz, no que
escreve, nos vídeos que posta ou que mostra gostar, no tema visual de seu blog,
site, no perfil personalizado nas redes sociais (como Twitter, Orkut e Messengers), enfim: deve apresentar
algum show.
Não acredito
que seja uma necessidade, dos usuários, de aceitação em determinado grupo
social, mas de se sentirem atraentes.
Quando se tem a percepção de como o espaço de cada um é miserável em relação ao
todo de um mundo, de um universo, de uma sociedade, composta por bilhões de
“iguais”, é compreensível que a angústia do ser humano faça-o (antes que ele, carregado
da cultura do espetáculo, caia em aflição extrema) tentar encontrar ou inventar
formas de atribuir valor a si, de qualquer qualidade e para quaisquer fins.
Um comerciante (da Internet ou mesmo do mundo
material) que se utiliza da espetaculosidade para lucrar tem a necessidade de
atribuir valor a si no tocante à capacidade de, dentro da visão capitalista,
enriquecer. Um adolescente impopular que decide criar um blog (e nisto,
indissociavelmente, está o espetáculo) tem a necessidade de se sentir
valorizado, pelo que posta, escreve, publica ou comenta, de forma anônima ou
não. Estes são apenas dois de inúmeros exemplos nos quais a espetaculosidade
social (nestes casos, por meio do marketing
e da Internet) estão presentes para, ao fim de tudo, atribuir valor àqueles que
a utilizam.
Se generalizares este pensamento de
autoatribuição de valor, é possível afirmar que todas as obras humanas são
resultados de buscas por autorealização de cada indivíduo. Todavia, se tomarmos
como verdade o conceito debordiano de Sociedade do Espetáculo, será entendido
que, em tudo ao nosso redor (e, muitas vezes, dentro de nós), está o espetáculo.
Este se encontra tanto na necessidade de criar um, quanto na cultural e já
involuntária atração de participar, assistir ou presenciá-lo, desde um simples
diálogo, na elaboração de textos e palestras, até literalmente grandes shows de
bandas, programas de TV, filmes, teatros, cultos religiosos e campanhas
eleitorais.
A partir
dessas duas proposições, pode-se entender o porquê do sucesso do espetáculo na
sociedade. A capacidade de produzir aquilo que atraia e encha os olhos dos espectadores,
ocupando mentes e corações atribui valor pessoal a todos os envolvidos. Satisfaz,
a princípio superficialmente, a busca pelo “sentido da vida”, desconsiderando
tudo aquilo e aqueles que, fora da sociedade do espetáculo, existem (que
existem e agem).
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